quarta-feira, 24 de março de 2010

Da-me um pouco mais?

Um ano com uma única postagem. Quem diz que esse ano vai ter mais de uma? Quem foi que disse que esse ano vai ter importância alguma, quem diz que ano passado teve alguma? A vida continua.
Ninguém me conhece, ninguém sabe qual é meu rosto, meus medos, meus sonhos. Ninguém me toca, me sente, me vê por dentro, de dentro pra fora, sabe? Nem eu.
Hoje uma pessoa no espelho pequeno do banheiro, amanhã quem? quem me olha com meus olhos não sou eu, quem me repara, com meus defeitos íntimos, com meus segredos toscos, com medos e indiferenças. Preciso escovar os dentes. Nossa, mais um cabelo branco, mais um, mais uma mecha, mais uma ruga mais um dia, mais um ano, mais um mês, mais uma vida.
O que interessa na relação de um casal que você não conhece nem nunca vai saber se realmente existe? Você assiste a novela? Você já leu um conto? Você pegou um ônibus? Você existe, você sabe o que se passa dentro de você, quem sabe num espelho do banheiro, nua. Despe-se dos seus pré conceitos, dos seus medos, dos problemas, dos olhares? Aquele olhar? Por que me olha assim? Por que se olha assim?
Mais um defeito. Não da pra acreditar. Não comi por um mês, não como, ninguém me come.
Minha mão desliza, a luz se apaga, mas a cabeça flui, e vai e vai e vai e vai...
Me sinto o que ninguém sente, o que é meu, meus gosto, gosto de lábio, os meus, meus sonhos, vontades, gosto, gostoso, gosto, gostas? De que? Quer um pouco mais? Quer o que de mim? Me dou, me vendo me empresto, me alugo, não presto, ou presto?
Quero ser quem não sou, um segundo pra sonhar.


Mais um, só mais um, mais um pouco, mais uma gota, mais uma uma cachoeira, mais um banho de banheira, mais um tempo. TIC-TAC, TIC-TAC. Ainda existem tic-tacs? Pensei que só existisse relógio digital.
O que mais agora? O que de mim agora? A que horas? Quantas honras... Pra que? pra quem? 
Não, realmente não não existo. 

Boa Noite